Transporte público é eleito local onde paulistanas mais correm risco de sofrer assédio pelo quinto ano

por Redação

Quatro em cada dez paulistanas têm medo de sofrer algum tipo de assédio em ônibus, trens e metrô. Pelo quinto ano consecutivo, o transporte público foi eleito o local mais temido pelas mulheres na capital.

Os dados são da pesquisa Viver em São Paulo: Mulheres, da Rede Nossa São Paulo, divulgada nesta terça-feira (7). Foram realizadas mais de 400 entrevistas — de forma online e domiciliar — com mulheres de 16 anos ou mais entre 8 e 30 de dezembro.

De acordo com o levantamento, em 2022, 52% das entrevistadas consideraram o transporte público o local mais provável para sofrer assédio. Apesar de o número ter caído para 39% neste ano, a categoria ainda lidera o ranking.

Na sequência, os ambientes considerados mais perigosos pelas paulistanas são: rua (23%), bares e casas noturnas (11%), pontos de ônibus (8%), transporte particular como táxi e Uber (3%), trabalho (3%), ambiente familiar (2%) e “não respondeu ou não sabe” (11%).

Além de o transporte coletivo ser considerado um local inseguro, 45% das entrevistadas relataram diversos episódios de assédio nele, como a importunação sexual. A porcentagem pode variar dependendo de faixa etária, renda familiar e escolaridade.

Cerca de 39%, por exemplo, das paulistanas de 16 a 24 anos e 60 anos ou mais sofreram assédio no metrô, trem ou ônibus, assim como 53% das entrevistadas dos 25 aos 34 anos e dos 35 aos 44 anos.

Transporte particular
Desde o início da série histórica, o assédio em táxis e carros de aplicativo, como Uber e 99, vem crescendo. No primeiro ano da pesquisa, em 2018, apenas 4% das paulistanas relataram ter sofrido assédio no transporte particular. Neste ano, o número saltou para 19%.

Analisando os dados por região, a zona leste da cidade registrou o maior índice de assédio em transporte particular (27%). Em contrapartida, a região oeste foi a menos citada entre as moradoras (6%).

Em novembro do ano passado, a Polícia Militar chegou a prender um motorista de Uber suspeito de roubar, sequestrar, ameaçar, abusar sexualmente e até estuprar passageiras no bairro de Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo.

Outras formas de assédio
A pesquisa Viver em São Paulo: Mulheres ainda revela os seguintes números:

• 67% das paulistanas já sofreram algum tipo de assédio, o que corresponde a 3.829.094 mulheres;

• 53% já sofreram com gestos, olhares incômodos ou comentários invasivos;

• 32% foram assediadas dentro do ambiente de trabalho;

• 29% já foram agarradas, beijadas ou desrespeitadas em outra situação sem consentimento;

• 21% foram assediadas dentro do ambiente familiar.

Como denunciar o abuso?
Caso uma mulher seja vítima de abuso sexual no ônibus, ela pode ligar para o 156, canal de denúncia oferecido pela Prefeitura de São Paulo. Os dados serão repassados à SPTrans, que realizará o mapeamento dos casos para colaborar com as investigações policiais e verificar se os operadores adotaram os procedimentos corretos, de acordo com a gestão municipal.

Na CPTM, a passageira pode enviar as informações pelo SMS-Denúncia no número (11) 97150-4949, enquanto no Metrô há dois caminhos: o SMS-Denúncia, pelo (11) 97333-2252, e o aplicativo Metrô Conecta.

A vítima também deve relatar o ocorrido e o autor imediatamente a um funcionário para que sejam conduzidos à Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom), a um distrito policial da região ou a uma Delegacia da Mulher.

Fonte: Com informações da Agência Estado

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